13 Julho, 2005

Antes da Noite




T.F.

Eu não fabrico a água.
Estas árvores existem. Estas mãos
estendem-se. Os meus passos
conjugam-se entre árvores, ruas, muita gente.

Mas eis a distância (a do deserto)
e aqui aproximo-me, é um desvio
verde, não a terra encantada,
à beira de ser eu, antecipo a vaga
que a língua move,
parede que foge e se eleva
sobre a água, sombra e relvas
O percurso é incerto. A cidade
é longe. E aqui a ausência
de uma árvore.Interminável suspensão.
Mas a transparência existe.
Os músculos da boca são redondos.
No pulso bate a seiva. Sinto-me vivo
Ò móvel vagar que eu pronuncio.
E a luz sempre, a luz e a sombra.
Entre uma e outra estendo a rede.
Eu quero beber a água deste dia
antes da noite
António Ramos Rosa