09 Julho, 2005

T.F.

O caminho que se abre e que se perde

Quando te acariciamos,
quando nos acaricias,
água das folhas, ar
que nos respiras
- que água de caminho breve
em nós se perde?

Que clara palavra
abre o espaço
a este puro caminho
que nos precede?

Caminho branco,
sempre o teu solo se perde.

Caminho que se abre,
flecha viva.
Não deixa rastro.S
ua face perdida
é esta:
a sede do ar.

Quando o percorro - e ele me percorre
o corpo se renova.
Como o sei eu se um intervalo se forma
onde ele se move
e o seu começo é o seu fim?
Antes da palavra se inicia e acaba,
caminho branco,
prestes a começar sempre,
sem que nunca comece e sempre inicial.
Depois da palavra e antes dela,
flecha viva,
o teu espaço é mortal.
Escrever é perseguir
teu invisível voo prolongando o túmulo do ar.

António Ramos Rosa